Entrevista #01 - Felipe Watanabe, desenhista de Ordinary Gods

Olá caros leitores e colecionadores, como vocês bem sabem, estamos sempre buscando inovar, e nessa busca vimos a necessidade de algo diferente, algo que entendemos que estava em falta na experiência que queremos proporcionar para vocês.

E nessa busca, encontramos algo que dará não só para vocês uma nova forma de interagir conosco, mas também trará mais informação sobre aqueles que trabalham com os quadrinhos que tanto amamos.

Iniciamos hoje uma série de entrevistas com os figurões da indústria brasileira de quadrinhos que nos representam nacionalmente e internacionalmente!

Sem mais delongas, é com grande orgulho que venho apresentar o primeiro entrevistado da Comics and Signatures (CS), Felipe Watanabe (FW).

Felipe, quadrinista e professor na Quanta Academia de Arte, criador da HQ independente Jinn, já trabalhou para DC, Marvel, Timberwolf Entertainment, e agora arranha o lápis para formar os traços do novo título da Image Comics, Ordinary Gods. Vamos descobrir um pouco mais sobre esse lançamento e muito mais. 

(CS) Olá Felipe, é um prazer ter você aqui com a gente, somos fãs do seu trabalho nos quadrinhos e de sua arte. Mas vamos lá, que tal a gente começar do começo, você gostaria de se apresentar pra nossa audiência aqui da Comics and Signatures, dizer quem é Felipe Watanabe e contar pra gente como que você começou com o desejo de desenhar quadrinhos?


(FW) Fala pessoal, o prazer é todo meu. Bom, deixa eu falar um pouco sobre como tudo isso começou. Eu desenho desde muito novo, e isso ficou mais sério somente quando entrei na faculdade. Sou formado como Designer Gráfico pela Universidade Guarulhos, foi nesse período em que comecei a me envolver mais com uma galera que curtia quadrinhos, e a pensar em trabalhar com isso.

Foram alguns vários anos de vida dupla, sendo designer no horário comercial, e fazendo quadrinhos no terceiro turno do dia. Dentre idas e vindas, participando de pequenas publicações, materiais independentes, coletâneas, passo a fazer parte da Chiaroscuro Studios, e faço minha estréia na Marvel com Iron Man Superior, em 2015. Desde então foram alguns vários trabalhos para a DC, até chegar nessa publicação autoral, com meu parceiro Kyle Higgins, com a Image Comics.

(CS) Sabemos que você tem uma lista grande de projetos de sucesso, tanto pessoais quanto com grandes editoras, mas como se deu sua aproximação com o Kyle Higgins e o surgimento da parceria para Ordinary Gods?

(FW) Nós fomos apresentados pelo meu camarada Eduardo Ferigato, no final de 2018, quando conheci o Kyle. Logo de cara fiquei bastante empolgado com a ideia de Ordinary Gods. Ele me apresentou muito material de pesquisa, textos, ideias, e no início de 2019 começamos a fazer as primeiras artes conceituais, e páginas de amostra, para alinhar qual seria o melhor caminho para esta história.

(CS) Nós tivemos acesso a uma cópia da edição para review e gostamos muito do que vimos, mas antes de ir mais a fundo na história, queríamos saber, de você, como você enxerga Ordinary Gods, sobre o que a história fala no seu ponto de vista?

(FW) Dentro desse universo onde seres imortais são tidos como deuses, cada um deles representa uma característica das emoções humanas. Esses seres foram aprisionados num ciclo de morte e reencarnação na Terra, onde a vida acaba servindo de prisão para eles. Tudo isso é um tanto grandioso, e certamente vamos explorar isso da melhor forma. Mas por hora, pensar em como esse cenário tão grandioso caminha lado a lado com as pequenas questões de uma pessoa comum, é uma das coisas que mais me atraem nessa história.

(CS) Curtimos bastante o conceito e os nomes dos personagem do quadrinho, que parecem ter saído de uma aventura de RPG clássica. Você teve alguma referência ou inspiração para criar o design dos Deuses ou de outros personagens de Ordinary Gods? Foi passado para você alguma referência base dos personagens, ou você teve mais liberdade no desenvolvimento?

(FW) Essa fase foi difícil, mas muito prazerosa no resultado final. Esse projeto vem sendo pensado pelo Kyle há bastante tempo, por volta de uns 10 anos. Foi uma longa caminhada até chegar às minhas mãos. Isso trouxe um certo desenvolvimento prévio, porém, alguns conceitos foram mudando ao longo das nossas conversas, rolando uma “atualização” do visual desse universo. Por fim, a ideia era algo “fantasia” com uma pegada “tecnológica”, talvez algo como Duna. Claro, qualquer coisa que transite em torno de ficção científica, certamente tem influência de Duna, hehe. Mas fora isso, tem muita coisa do meu gosto pessoal também, jogos de videogame principalmente, certamente Halo deve ter entrado nesse momento de pesquisa.

(CS) Ficamos bem curiosos com a ideia do Reino dos Deuses e de seus territórios. Você poderia soltar aqui pra gente se iremos ver um pouco mais dos treze Imortais ainda nesse primeiro arco? Você tem um favorito, um que talvez você tenha gostado mais de criar, ou desenhar?

(FW) Olha, difícil escolher apenas um, eu me diverti um bocado com o desafio de criar cada um deles. Talvez o primeiro, O Deus da Selvageria, tenha sido o mais importante, pois ele me mostrou o caminho a seguir nos demais personagens, então eu fico com ele. Sobre ver mais desses reinos, vocês vão ter que seguir acompanhando, tem muita coisa legal sendo feita neste exato momento. =)

(CS) Vimos que a capa principal de Ordinary Gods teve parceria de vários artistas, e uma coisa que chamou nossa atenção foi ela ser composta por alguns personagens históricos, você gostaria de falar um pouco sobre como se dá essa relação da capa com a história?

(FW) Dentro da premissa que estabelecemos, onde a vida na Terra serve de prisão para os Deuses, veremos que esses seres estão caminhando por aqui desde o início da vida, passando por esse ciclo infinito de morte e reencarnação. Por aí vocês podem imaginar que teremos grandes figuras da história da humanidade dando as caras na nossa narrativa, deixando tudo muito mais interessante.

(CS) Vimos bastante nas rede sociais a hashtag “#breakthecycle” associado ao quadrinho, você poderia falar um pouco sobre a conexão dessa frase com a história, o que você poderia contar sobre isso para os nossos leitores?

(FW) O Kyle criou uma série de conceitos bastante interessantes para essa história. Na primeira edição já teremos muitas coisas para pensar a respeito, e essa hashtag vai se encaixar perfeitamente dentro do contexto desse universo, especialmente com a ampliação dessas ideias nas próximas edições. Mas sendo bem básico no meu comentário, a ideia de ciclo está muito presente aqui, e assim como em Matrix, pode ser preciso quebrar essa estrutura para encontrar a sua verdade.

(CS) Pra gente, sem dúvidas, Ordinary Gods, será um sucesso e já ocupa um lugar especial nas nossas coleções. Curtimos muito a primeira edição e estamos ansiosos aguardando as próximas. Para finalizar Felipe, você gostaria de deixar uma mensagem para aqueles que passam pela frente de Ordinary Gods e ficam na dúvida se compram ou não gibizinho, o que você diria para essa pessoa?

(FW) Se você gosta de Highlander, Matrix, The Old Guard, talvez esta história seja pra você. E vale reforçar que, mesmo com toda a parte grandiosa desse universo, estamos falando de coisas comuns a todos nós, através de personagens bastante humanos. Acredito que essa combinação pode render bons momentos nessa jornada que começa agora em Ordinary Gods.

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