Nosso segundo entrevistado para o Free Comic Book Day 2022, é Luis Fernando Cardoso de Freitas, mais conhecido como Jaka. Ele que é ilustrador freelancer e vem trabalhando e se desenvolvendo no mercado a 5 anos. Ele é uma figura com quem pudemos ter a oportunidade de aprendermos sobre foco, dedicação e objetivo dentro do mundo da arte.
Em nossa entrevista iremos destrinchar um pouco de sua história, como decidiu mudar de vida e seguir no caminho da ilustração, e também dicas para aqueles que estão começando ou pretendem começar nesse mercado que cresce cada vez mais todos os anos.
(CS) É um prazer poder recebe-lo hoje aqui em nosso evento Jaka, já estamos de olho em seu trabalho faz um tempo, e ele é incrível! Mas gostaríamos de conhecer um pouco sobre sua história, para apresentar aos nossos leitores. Quando você descobriu seu talento para arte e ilustração?
(J) Olá Vitor, é um grande prazer poder participar desse evento tão importante para nós desenhistas. A oportunidade de que mais pessoas possam alcançar nossa arte é sempre muito bem-vinda.
Bom, minha jornada na arte foi tardia, apesar de estar a vida inteira consumindo quadrinhos eu desenho apenas a 5 anos. Sempre houve à vontade, mas nunca desenvolvi o cenário para que acontece-se. Sempre estava estudando me aperfeiçoar no trabalho que tinha antes de oficializar minha carreira como ilustrador.
Eu Trabalhei durante 15 anos no setor industriário. Mas tudo mudou 5 anos atrás quando em uma Comic Con RS eu conheci o professor Matias Streb. Neste dia ele fez uma arte para mim que me deixou fascinado. A partir desse momento procurei entender como eu poderia fazer para chegar até algo próximo as capacidades dele. Aí sim comecei a estudar, analisar referências, entender e experimentar materiais e hoje já começo a sentir que desenvolvo minha própria identidade.
(CS) É muito bom ver como certas pessoas podem influenciar nos caminhos que tomamos em nossas vidas. E Vemos que tem se dedicado muito, através dos trabalhos que tem mostrado em suas redes. De super heróis a mangá, você desenha de tudo! Aparentemente tem várias referências que te inspiram. quais são elas e como elas tem influenciado no seu desenvolvimento como artista?
(J) Apesar de ter crescido com diversas influências, eu baseio meu aprendizado muito mais em artistas atuais do que nos grandes clássicos. Meu amor se divide igualmente entre comics e mangas. E apesar de gostar bastante de trabalhos mais conceituais ou reflexivos, o que me fisga mesmo é a pancadaria haha.
Artistas como Frank Quitely, Yusuke Murata, Geoff Shaw são incrivelmente inventivos, grandes inspirações. Assim como Masashi Kishimoto, Goseki kojima e Olivier Coipel. Agora quanto ao trabalho de cores, gosto muito do que o Antonio Fabela, Matias Streb, Idan e o grande Dave Stewart tem feito. Sem dúvida são artistas que costumo estudar e analisar seus trabalhos para ver o que posso aprender e me inspirar.
(CS) Sim as vezes podemos gostar de trabalhos com histórias mais profundas, mas realmente não tem como deixar de lado uma boa e velha pancadaria haha. São realmente boas referências e bem influentes em ambos os mercados, tanto de quadrinho quanto mangás. Mas agora que conhecemos um pouco mais sobre sua história e referências que o movem com artista, vamos falar um pouco mais sobre seus projetos e sua carreia ao longo desses 5 anos, como tem sido trabalhar como ilustrador, e viver e respirar arte todos os dias?
(J) Minha jornada como Ilustrador iniciou em um momento que eu já não me identificava mais com minha profissão passada. Já não me conectava mais com o que estava envolvido e procurava algo para sair daquela realidade. Desenhava por diversão, mas sentia que faltava estudo e tempo para praticar.
Quando decidi focar apenas no meu sonho, comecei a estudar e me aprofundar e aos poucos fui criando uma rede de contatos onde eu poderia gerar clientes e entrar no mercado de trabalho. Inicialmente surgiam apenas Commission de pessoas conhecidas (amigos, parentes), hoje com uma visibilidade maior já recebo pedidos de outros estados e até alguns de fora do país. Faço ilustrações para camisetas, murais, cards colecionáveis e sigo com as Commission. Já posso dizer que vivo dos trabalhos que faço com arte. Não é fácil, é muito mais complicado que trabalhar 8h por dia em uma empresa.
É muito gratificante, saber que pessoas me procuram para ter uma parte de mim em suas casas é aquilo que inicialmente eu buscava. Não posso negar que preciso correr muito mais do q corria antes, quando era funcionário de uma empresa. Mas hoje me sinto muito melhor em vários aspectos diferentes da minha vida. Me sinto mais saudável, pleno e em paz comigo mesmo, sabendo que fiz a escolha certa.
(CS) Mesmo sendo um caminho difícil no início, e muito bom ver os resultados dos frutos que você colhe com o esforço e dedicação na sua arte todos os dias. Mas falando sobre colher no futuro, quais são seus planos ou projetos pessoas que tem trabalhado, tem planos para participar de eventos, como a CCXP por exemplo?
Sim, gostaria muito de participar de eventos como a CCXP. Já fui algumas vezes no evento, mas sempre como espectador. Não tenho nenhum projeto em andamento no momento e sei que a equipe dos grandes eventos acaba priorizando artistas com trabalhos a serem lançados lá ou com trabalhos publicados recentemente. Infelizmente ainda não estou nesse nível, existem ideias, mas nada no papel ainda.
Mas cada coisa no Seu tempo, ainda me considero novo na cena, pois realmente iniciei na carreira no início da pandemia. Entendo que ainda tenho muito a aprender para poder criar ou participar de um quadrinho – Hoje me considero apenas ilustrador. Apesar de já tentar entender sobre narrativa gráfica e criação de histórias.
Vai chegar o Momento que vou participar, sem dúvida, mas agora penso que ainda preciso estudar e me dedicar em práticas que me levem um pouco mais próximo de artistas que são minhas inspirações.
(CS) Pode apostar que em breve a oportunidade de fazer parte dos eventos como expositor e participar da produção de um quadrinho irão aparecer com o tempo, tenho certeza. Quais pra você tem sido seus maiores desafios atualmente na carreira como Ilustrador, teve algum trabalho em especifico que foi realmente um desafio?
Sem dúvida os maiores desafios hoje estão voltados a superação de medos e quebra de barreiras de pensamentos. Sair de um trabalho “tradicional” para iniciar uma carreia nova geraram várias incertezas e dúvidas se esse passo que eu estava dando seria o certo. Medo de manter aquele padrão de vida estipulado, se vou conseguir trabalho, se vou me adaptar a essa nova realidade.
Mas com planejamento e perseverança eu sinto que consegui transpor esses obstáculos. Outra coisa bem complicada é o custo para ser um artista hoje. Sem dúvida não é nada fácil montar um set de ferramentas e adquirir todos os materiais que a gente precisa para entregar um trabalho de qualidade. Mas aos poucos também aprendi que o entendimento das técnicas resulta muito mais do que qualquer material caríssimo ou de altíssima qualidade.
Agora se tem uma arte que sinto que aprendi bastante fazendo e que senti que ali começou minha identidade foi uma do Cavaleiro de Andrômeda que foi feita ano passado. A partir dessa arte eu procurei trabalhar os mesmos elementos que senti que ficaram bacana nesse trabalho. Tive bastante dificuldade, mas adorei o resultado final.
(CS) E visível que em pouco tempo você cresceu bastante em todos os aspectos, tanto como artista, quanto empreendedor nesse mundo encarando diversos desafios ao longo do caminho nesses 5 anos. Você tem alguma dica para quem está começando ou pretende começar a trabalhar com ilustração?
Se existe algo que possa dizer aos iniciantes é: dedique-se ao Máximo aos estudos. O Quanto você vai investir em aprender vai mostrar o quão longe pode chegar. E quando digo a aprender, não me refiro apenas fazer cursos. Praticar, ler, conversar com pessoas que te inspiram, analisar trabalho, experimentar materiais… a imersão na realidade que você deseja se inserir, é fundamental.
Eu sempre senti que deveria trabalhar em algo criativo, mas nunca tive coragem e nem oportunidade. Até entender através de uma leitura (DUAS VIDAS do Fabien Toulmé) que EU deveria criar essa oportunidade. Bolei um plano, coloquei em prática e hoje já vivo essa realidade que a alguns anos atrás parecia tão distante, mas que hoje é minha grande realização.
(CS) Jaka, você passa uma energia incrível de força, dedicação, e foco no que você acredita e quer alcançar, espero que nossos leitores tenham se inspirado e aprendido bastante com você hoje. Você realmente é um grande exemplo a ser seguido. Para fecharmos, queríamos agradecer por termos a oportunidade dessa entrevista com você em nosso evento. Gostaria de deixar umas últimas palavras para nossos leitores?
Primeiramente gostaria de agradecer o espaço e oportunidade de participar de um evento tão importante para nós ilustradores. E todo carinho ao ser convidado. Convido todos a visitar minha página no Instagram @artofjaka para conhecer mais afundo meu trabalho e batermos um papo. Aos Iniciantes desejo força nessa jornada, ela não é nada fácil, mas é muito gratificante.
